Brasil vive 'revolução da longevidade', diz médico Alexandre Kalache
A sociedade brasileira passa pela revolução da longevidade, afirmou o médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade, Alexandre Kalache, nesta quinta-feira (27), durante o Fórum a Saúde do Brasil, realizado pela Folha em São Paulo.
Kalache citou dados sobre a evolução, nas últimas décadas, e as estimativas para o futuro da taxa de fecundidade e da expectativa de vida ao nascer. Hoje as brasileiras têm uma média de 1,74 filhos ao longo da vida, enquanto na década de 1970 a taxa era de 5,8 filhos. Os brasileiros também estão vivendo mais. Em 1970, a esperança de vida era de 53,5 anos e hoje ultrapassa os 75. O médico destaca que, nos países desenvolvidos, onde a revolução já ocorreu, houve enriquecimento antes do envelhecimento. Já no Brasil, a população está envelhecendo em condições de pobreza, o que transforma a velhice em fardo. Para Kalache, é importante executar políticas públicas que garantam a qualidade de vida dos idosos nesses anos de vida que eles ganharam. "Cada vez mais as mortes de pessoas com mais de 60 anos são decorrentes de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, que incapacitam e tiram a qualidade de vida da pessoa", afirma. Segundo dado citado pelo médico, a proporção de mortes de pessoas acima de 60 anos corresponde a 67% do total. O desafio é investir na saúde dos idosos, já que, nessa faixa de idade ela requisita mais recursos. Ele disse que "o grande gasto com saúde geralmente está no último ano de vida". Contudo, os gastos previstos pelo governo federal com a saúde do idoso não estão sendo aplicados, de acordo com números mostrados durante a palestra. O Ministério da Saúde previu um orçamento de R$ 28,5 milhões para a Política de Atenção à Saúde do Idoso, mas só aplicou R$ 14,8 milhões. Para o Programa de Direitos do Idoso, da Secretaria dos Direitos Humanos, estavam previstos R$ 5,8 milhões, dos quais só R$ 623 mil foram gastos. ENVELHECIMENTO ATIVO Ex-chefe do Programa de Envelhecimento e Saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), Kalache acredita que envelhecer com acesso a serviços, renda e autonomia conferem dignidade a essa fase da vida. "Otimizar as oportunidades de saúde, de educação continuada e de participação na vida social, de modo a alimentar a qualidade de vida significa promover envelhecimento ativo", afirma. "Todos devem abraçar o envelhecimento, seja qual for a área de atuação, porque essa revolução está aqui para ficar", concluiu. |
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